Veteranos do Deep Purple mostram força em grande show na Pedreira
13 de dezembro de 2017
Quem consegue manter em seu ramo de atuação por (quase) 50 anos o padrão de qualidade que o Deep Purple entregou nesta noite de terça (12) na Pedreira Paulo Leminski merece a ovação que o quinteto inglês recebeu da galera no final do show.
A banda dos riffs poderosos, dos solos improvisados e do teclado pesado fechou com a elegância habitual uma noite de rock incomum.
O festival Solid Rock foi um passeio por quatro décadas do rock: as guitarras distorcidas do Purple que ajudaram a fundar o metal. O hard rock puro sangue e setentista do Cheap Trick e oitentismo exacerbado do Tesla. E os veteranos, mais uma vez deram conta do recado para um público que, entre exigente e saudosista, gosta do rock clássico do jeito que ele é.
Começando pelo Deep Purple, paradoxalmente, em melhor forma do que em passagens anteriores por Curitiba.
Com o setentão vocalista Ian Gillan à frente, com uma camiseta do Popeye e muita técnica vocal, a banda começou acelerada com a clássica Highway Star. O repertório passou por todas as fases da carreira com alguns lados B.
Ao contrário dos grandes shows pirotécnicos que passaram recentemente por Curitiba, o do Deep Purple só tinha alguns suaves efeitos de luz e um telão com vídeos de bom gosto que conversavam com as músicas.
A banda está azeitada, entrosada, vindo de uma longa turnê com mais de 40 shows na Europa.
Como sempre o Purple se permitiu muitas improvisações – uma das marcas da longa carreira. Um dos pontos altos foi quando o tecladista Don Airey executou uma rapsódia tocando desde Bach ao metal passando por Tico Tico no Fubá e Aquarela do Brasil até terminar em Perfect Strangers.
Gillan é um dos grandes frontmen do rock, um cara que já passou por tudo sem nunca perder a elegância. A banda dos grandes riffs só podia terminar com três dos mais poderosos: Smoke on The Water, Hush e Black Night.
Cheap Trick: hard rock e diversão
Em sua primeira versão, o Solid Rock foi inegavelmente desidratado pela ausência das duas bandas americanas que fariam a noite com o Purple, o ZZ Top e o Lynyrd Synyrd que era talvez o grande chamariz, pela novidade. Ambos cancelaram e muita gente desistiu de ir aos shows e teve seu dinheiro de volta com o anúncio dos substitutos Cheap Trick e Tesla.
Os produtores se prepararam para receber um pulico menos que o costume e colocaram uma fila de food trucks na margem do lago dos fundos da Pedreira. No final, a Pedreira acabou recebendo um público bem razoável no limite do conforto e da energia (parecido com o público presente no show do Elton John em março).
Como acontece em shows de dinossauros do rock, muitos pais, filhos e netos curtiram juntos. E quem não conhecia se divertiu com o Cheap Trick, uma banda essencial do hard rock nos Estados Unidos, mas que visita o Brasil pela primeira vez em 43 anos de carreira.
O Cheap Trick fez seu número. Hard rock de primeira, pura diversão com músicas sobre sexos e romance. O guitarrista Rick Nielsen é excêntrico, engraçado. “Esta é uma do nosso último álbum, então ninguém aqui conhece”.
Principalmente, muito bom músico e troca de guitarra a cada música e se comunica com a plateia enquanto o vocalista Robin Zender, de quepe de almirante fazia o tipo caladão (ex-galã do rock, o cantor hoje lembra pum pouco o astro brega Ovelha, mas ainda canta muito bem).
O ponto alto, além do hit Surrender que faz parte da trilha dos Guardiões das Galaxias 2, foi uma versão de Waiting For The Man do Velvet Underground cantado pelo baixista Tom Petersson.
Antes, quando o Tesla tinha entrara para também fazer sua estreia em um palco brasileiro ainda era uma tarde cinza e a Pedreira estava vazia. Mas a banda californiana, mostrou que domina o hard rock oitentista e seus refrãos, vocais agudos e poses em um show honesto e competente.