Pint of Science, cientistas falam de pesquisas em bares de 22 cidades do Brasil
16 de maio de 2017
O pint (pronuncia-se paint) é uma medida – equivalente a cerca de 500 ml – tradicionalmente usada para se referir ao tamanho do copo em que a cerveja é servida em bares e pubs. No festival Pint of Science, que começa nesta segunda-feira (15) e vai até quarta, copos de cerveja vão regar conversas sobre ciência em bares de 22 cidades brasileiras.
O festival começou na Inglaterra em 2013 com a ideia de aproximar os cientistas da sociedade. Hoje, o evento se expandiu pelo mundo e acontece simultaneamente em 11 países. No Brasil, único participante na América Latina, cientistas vão falar ao público sobre suas pesquisas em campos tão diversos quanto física quântica, alimentação infantil, nanotecnologia, big data, zika, buraco negro e poeira estelar.
Ao longo da noite, os bares funcionam normalmente e não é preciso pagar ingresso para entrar (o evento é todo feito por voluntários). “Mas, em vez de ter um show de rock, tem um palestrante falando sobre sua pesquisa”, diz o biólogo Luiz Gustavo de Almeida, coordenador do evento em São Paulo. Alguns bares têm mais de uma palestra por noite sobre temas não necessariamente relacionados. A programação completa está disponível no site.
Até a própria cerveja, sugerida no nome do festival, também será abordada de forma científica em palestras em Belo Horizonte e Botucatu. O consumo de álcool também vai aparecer na apresentação do cientista Wagner Ricardo Montor, professor de Bioquímica e Farmacologia da Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. “Doutor, posso misturar esses remédios todos e tomar com cachaça?” é o nome da palestra que ele ministrará nesta quarta-feira em São Paulo.
“Acho que todo mundo que é da área da saúde é abordado por este tipo de pergunta, por familiares e amigos, principalmente em festas onde há bebidas alcoólicas e sempre tem alguém que está tomando algum remédio e quer saber se pode beber ou não.” De sua participação no evento em anos anteriores, ficou a mensagem de que, quando se explica de maneira leve e cuidadosa, o público é capaz de entender qualquer coisa.
Demanda adormecida
Esta será a terceira edição do Pint of Science no Brasil e, a cada ano, o número de cidades integrantes aumenta. Para a cientista Natalia Pasternak, coordenadora nacional do Pint of Science, a expansão do projeto atende a uma demanda que estava adormecida. “As pessoas querem saber sobre ciências e os cientistas querem falar para a população. Faltava só criar um canal que fosse eficaz e o evento conseguiu”, diz.
O fato de o evento acontecer em bares e restaurantes somado à informalidade da linguagem dos palestrantes faz com que o público leigo fique mais à vontade para se aproximar, segundo Natália.
Ela destaca a importância de um evento como esse em um momento em que informações falsas sobre tratamentos milagrosos ou teses sem comprovação científica ganham muita repercussão nas redes sociais. “A desinformação se propaga muito rápido e de forma muito fácil. As pessoas têm a tendência de acreditar na primeira coisa que leem. Esse tipo de evento traz uma referência para o público, pois promove o contato com cientistas que podem ser fontes de informação confiável.”
Natalia também observa que esse contato mais próximo com a ciência pode ser importante para instigar na sociedade um interesse maior pela discussão do financiamento da ciência no país. “Quando há um corte de 44% do orçamento da ciência e a sociedade nem pisca, é porque a sociedade não sabe da importância da ciência.”
Veja as cidades participantes
- Araraquara
- Belo Horizonte
- Blumenal
- Botucatu
- Brasília
- Campinas
- Curitiba
- Dourados
- Florianópolis
- Goiânia
- Natal
- Piracicaba
- Porto Alegre
- Ribeirão Preto
- Rio de Janeiro
- Salvador
- Santos
- São Caetano do Sul
- São Carlos
- São Paulo
- Sorocaba
- Teresina