O rock alternativo e independente de Curitiba despontou a partir dos anos 80, quando grupos como Blindagem, Beijo AA Força e Relespública surgiram para o grande público, mostrando que a cidade sorriso também tinha potencial para uma cena autoral. O primeiro grande ato veio da cena pós-punk e new wave, com a coletânea “Cemitério de Elefantes” (1989), lançada pela Vinil Urbano, cujo nome faz referência a um livro de contos de Dalton Trevisan.
O disco continha músicas de cinco bandas – com predominância de língua inglesa em suas letras – sendo a Beijo AA Força a única a conseguir lançar material solo posteriormente. Além do grupo, Ídolos de Matinee, Bons Garotos Vão Para o Inferno, Pós Meridion e Tessália completavam o álbum. Engana-se, porém, quem acha que a crítica musical da época foi gentil com o lançamento. “Pelo jeito todos vão para o céu, pois os garotos não são bons em nada”, escreveu a finada Bizz na época, ironizando o nome de um dos grupos presentes na coletânea.
De lá para cá, a cena curitibana começou a tomar mais forma, tendo mais do que o Graciosa Country Club ou garagens e bares esporádicos para tocar. Mais recentemente, em 2009, era difícil conhecer alguém que não soubesse a letra da música “Oração”, da Banda Mais Bonita da Cidade, gostasse ou não do grupo. Por isso, separamos os melhores lugares de Curitiba para conhecer música alternativa e independente produzida na cidade ou fora dela. Confira:
Mistura de pizzaria e casa de show, o Dom Capone Pizza Rock, localizado na Cidade Industrial de Curitiba, existe desde 2005 e oferece dois ambientes: um salão para as apresentações e outro para as mesas em que são servidas as pizzas. Com pegada voltada para o rock alternativo, o Dom Capone já foi palco de shows de bandas como Relespública, Anacrônica e Escambau, entre outros. Atualmente, Ferryboat, Javali Banguela e Dal Katheguilas são alguns dos nomes garantidos por lá.
A casa cede espaço aos mais diversos gêneros do rock, e a localização não foi por acaso. “Na história do rock, todo o movimento surgiu no subúrbio das grandes cidades”, afirma Vágner Capone, proprietário do espaço e ex-garçom da pizzaria que ocupava o local, antes dele adquirir o espaço.
Endereço: R. Pedro Gusso, 4047 – Cidade Industrial
Telefone: (41) 3248-2633
Horário de funcionamento: Terça a domingo, a partir das 18h
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/DomCaponePizzaRock/
John Bull Pub
Tradicional casa de shows curitibana, o John Bull foi fundado em 1983, inspirado nos pubs londrinos e com uma curadoria voltada para o rock e o blues, mas seu espectro foi ampliado nos últimos anos. Do grupo norte-americano de pós-hardcore La Dispute ao manguebeat do Mundo Livre S/A – que tocaram por lá ano passado, ambos com shows lotados – o espaço é um prato cheio para conhecer novos sons, nacionais ou internacionais.
A programação é diversa, mas o ponto forte são as apresentações ao vivo. A estrutura do John Bull tem três ambientes: o palco com camarotes, bar externo para festas particulares e o porão, com acústica favorecida. Para beber, destaque para o chope – sempre o mais pedido – e para o Bacardi Big Apple, um drink com rum de maçã.
Endereço: R. Mateus Leme 2204, Centro Cívico
Telefone: (41) 3252-0706
Horário de funcionamento: Segunda a sábado, das 11h30 às 15h, e 17h30 às 0h
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/JohnBullCuritiba
Arnica Cultural
Criado pelos integrantes da banda Trombone de Frutas em 2015, o Arnica Cultural trata-se de uma casa, próxima ao terminal Campina do Siqueira no Bigorrilho. Sempre com bandas ao vivo e discotecagem, a premissa do local é trazer grupos alternativos da cena regional e nacional, além de servir como estúdio de ensaio e gravação para músicos curitibanos.
O espaço, com um palco montado no amplo quintal, é preparado para receber 500 pessoas e conta sempre com diversas opções gastronômicas, como chopps artesanais e sanduíches veganos, entre outros. No palco do Arnica Cultural, passaram em 2016 bandas como Francisco El Hombre, Apanhador Só, O Terno e, neste ano, Metá Metá. Só não estranhe se alguém lhe oferecer um abraço grátis por lá, consequência do estilo hippie do lugar.
92 Graus Pub Underground
Fundado em 1991, O 92 Graus é um pub feito para fãs de rock alternativo, com estrutura inspirada em bares underground europeus. O espaço conta com bar e um palco em frente a pista, espaço onde ocorrem shows e discotecagens com diferentes vertentes do rock.
Em 2016, o 92 Graus abrigou o Festival Curitiba Indie e o Festival Sinewave, que contou com bandas locais como Giant Gutter From Outer Space, Condiz, Reticências e Contadores de Histórias, do shoegaze ao indie rock anos 90. No cardápio, o 92 Graus serve cervejas diversas, além de destilados, água e refrigerantes.
Endereço: Avenida Manoel Ribas, 108 – São Francisco
Telefone: (41) 99919-1492
Horário de funcionamento: Quarta, 21h às 2h; Quinta, 19h à 1h; Sexta e sábado, 22h às 4h; Domingo, 16h às 22h
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/pg/92graus/
Peppers
Localizado na esquina da Rua Inácio Lustosa com a Trajano Reis, no São Francisco, o Peppers é uma casa noturna voltada ao público fã de indie rock, com noites específicas para especiais de bandas como Artic Monkeys, Florence and the Machine, Twenty One Pilots e por aí vai.
Geralmente com bandas cover e público mais jovem, as noites no Peppers são regadas a cerveja, tequila e destilados diversos. O que não impede a presença de um público mais adulto, como pode ser constatado na página oficial da casa no Facebook. A decoração do local é toda rock and roll, com quadros e bandeiras que fazem menção ao gênero. A dica é chegar cedo para evitar as famosas filas da entrada.
Vox Bar
A principal atração do Vox Bar é a pista de dança, grande e com discotecagem variada, que vai do rock alternativo ao indie internacional e nacional, a depender do dia. Colado na pista de dança há um bar e, no andar de cima, o Vox também conta com um bistrô, que funciona de quarta a sábado.
Com o slogan “se faz você dançar, toca no Vox”, a premissa básica do lugar é animar quem vai até lá. Entre bandas cover e autorais, o Vox chamou pra tocar por lá no ano passado Edgard Scandurra, Magazine e Leo Fressato, entre outros nomes.
Localizado na Rua Barão do Rio Branco, no centro, o Vox tem no cardápio petiscos, como porções, massas, peixes e carnes, além de diversas opções de cervejas, vodka e whisky, para beber.
Endereço: R. Barão do Rio Branco, 418 – Centro
Telefone: (41) 3233-8908
Horário de funcionamento: Quarta a sábado, a partir das 19h (no sábado a partir das 22h)
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/VOXnight/
Bicicletaria Cultural
Localizada no centro de Curitiba há cinco anos, a Bicicletaria Cultural é um empreendimento de apoio ao ciclista urbano em suas necessidades, serviços e informações. Mas, no espaço de 200 m², o local oferece também uma loja de acessórios vasta agenda cultural, focando em apresentações musicais e exposições da região, funcionando como entusiasta da cena local em todas as suas vertentes.
Entre as quatro paredes da Bicicletaria, tocaram no ano passado bandas indie como Farol Cego, Veenstra e, este ano, a inauguração dos trabalhos foi com a psicodelia tropicalista do Dom Pescoço. A faixa de preço dos shows é bem acessível, sempre entre R$ 10 e R$ 20. O espaço é enxuto, mas a acústica do local compensa esse fator.
Dobrucki
Criado com inspiração de velho oeste e Harley-Davidson em sua decoração, o Dobrucki é um misto de hamburgueria, casa noturna e de shows. O cardápio conta com hambúrgueres gourmet e porções de batatas rústicas, entre outras opções. Fora do eixo Centro-São Francisco, o pub fica no Rebouças e é uma boa opção para variar.
Com uma curadoria diferenciada, o Dobrucki traz bandas que passeiam por todos os gêneros do rock até o folk, caso de grupos como Lenhadores da Antártida, Nega Fulô e Electric Mob, que batem ponto por lá.
351
Bem na parte mais efervescente da Rua Trajano Reis, o 351 é um local sem rótulos, com noites musicais das mais ecléticas, que podem ir do rock ao trap. Com a tradição de ter convidados ilustres nas suas pick-ups – como BNegão, do Planet Hemp e Seletores de Frequência que já passou mais de uma vez por lá – o 351 chamou ano passado para os seus palcos nomes da cena alternativa nacional como Rodrigo Ogi, Figueroas, The Shorts e Real Coletivo Dub.
Entre as festas temáticas que acontecem com frequência, ganham destaque a It’s a Trap, Misturi-C e ILoveCWBeats, todas com DJs residentes da cidade e convidados, que discotecam tudo o que for possível até o fim da madrugada.
Casa 102
Espaço de coworking nos dias úteis, a Casa 102 também é espaço para shows e eventos aos fins de semana. Com o projeto “Sala de Estar”, o local trouxe para tocar em 2016 vários nomes do indie nacional, com destaque para Naked Girls and Aeroplanes, Esperanza (ex-Sabonetes) e Boogie Jump Blues Band.
O nome da Casa 102 faz jus à ambientação, que é despojada e, não raro, se estende para a calçada. As atrações gastronômicas são itinerantes, assim como a venda de outros itens, que podem variar de vasos artesanais com escritos como “Fora, Temer” a até mesmo coadores de café mais diferentes. Tudo bem despretensioso.
Endereço: Alameda Júlia da Costa, 102 – São Francisco
Telefone: (41) 99936-8604
Horário de funcionamento: Quinta, a partir das 18h, sexta, a partir das 19h, e sábado e domingo, a partir das 11h
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/casa102/
Lado B
Com fama de “pé sujo”, o Lado B é um dos lugares mais tradicionais da cidade para se ouvir rock ao vivo, na pegada psychobilly, blues rock e outras vertentes. O cardápio, assim como o espaço, é enxuto e direto ao ponto: cachaças mineiras, chopp e Jagermeister.
O grande diferencial do Lado B é que a entrada é franca, portanto o custo benefício fala mais alto pra quem bate ponto lá. Pavement Kings, Pelebroi Não Sei e Chucrobilly Man são algumas das bandas que subiram ao palco por lá ultimamente. Além disso, há flexibilidade para sair ou ficar dentro do local, sem comandas.
Harvest Folk Bar
Intimista, o Harvest Folk Bar tem alguns dos melhores sanduíches do São Francisco – como o homônimo e o pão com bolinho – e investe alto na música, voltada para o folk mas também com espaço para o bluegrass e rock alternativo acústico. Com nome inspirado em um disco de Neil Young, a casa saúda os grandes heróis da música com diversos quadros, espalhados pelas paredes.
Nomes conceituados na cena alternativa, como Irmãos Carrilho, Jair Naves e Charme Chulo se apresentaram em formato acústico no local ano passado, com um intimismo raramente visto em outros espaços.
Endereço: Inácio Lustosa, 518 – São Francisco
Telefone: (41) 3019-2819
Horário de funcionamento: segunda a domingo (exceto às quartas), a partir das 19h
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/harvestfolkbar/
Empório São Francisco
Desde sua inauguração em 1997, é um dos pontos mais tradicionais da cidade pra ouvir rock. Começou com formato pequeno, com capacidade para apenas 180 pagantes, mas ao longo do tempo aumentou sua capacidade para 320 pessoas, funcionando de terça a domingo, quase todos os dias com apresentações ao vivo.
Tradicional e com pegada rústica de pubs, o Empório tem cerca de sete bandas residentes, mas também faz curadorias inéditas, como recentemente quando trouxe pra tocar por lá Válvula Vapor, Wander Wildner e Carlinhos Carneiro, vocalista da Bidê ou Baldê.
Slainte
O Slainte surgiu a partir do que sobrou de um pub da família do proprietário, na Irlanda. No cardápio, há petiscos típicos de lá como a batata-frita com curry, hambúrguer e mais de 15 tipos de cerveja artesanal e importada. As apresentações por lá acontecem de segunda a sexta, indo do rock indie britânica até nova MPB.
Recentemente, passaram pelo palco do Slainte nomes nacionais como Di Melo, Jaloo e Banda Mais Bonita da Cidade. As bandas se apresentam na área interna do espaço ou no Beer Garden, inaugurado no fim de 2015.
Endereço: Al. Presidente Taunay, 435 – Batel
Telefone: (41) 3026-8701
Horário de funcionamento: terça a domingo, a partir das 18h (com exceção dos domingos, em horários específicos)
Aceita cartão? Sim
https://www.facebook.com/slainteirishexperience
Lavanderia
Inaugurado no fim de 2016, o Lavanderia é um local despretensioso com curadoria voltada para o punk rock, hardcore e indie rock. O local costuma abrigar bazares veganos e eventos temáticos despojados, como a festa sem motivo. O ambiente é simples, com sofá, bar e uma máquina de lavar roupa dentro de uma casa. Nas paredes, artes e exposições de artistas locais.
Já passaram por lá nesse pouco tempo nomes relativamente conhecidos da cena nacional, como Better Leave Town, Born to Freedom, Bike e Sitinglass, entre outros. O preço pra entrar é justo, sempre por volta dos R$ 5 e R$ 10.