O LEGADO DE EMERSON, LAKE & PALMER, DE VOLTA AO BRASIL
22 de maio de 2018
Shows do baterista Carl Palmer resgatam a trajetória do power trio de rock progressivo
Por Carlos Eduardo Oliveira
O baixo astral foi avassalador: em 2016, em menos de um ano, dois terços da formação original do furioso power trio Emerson, Lake & Palmes se foi – em março, o tecladista Keith Emerson tirou a própria vida, na Califórnia; e em dezembro, na Inglaterra, um infarto fulminante levou o baixista e cantor Greg Lake. Estava decretado o fim definitivo de uma das peças-chave dos supergrupos de rock progressivo dos anos 70.
Seu legado, entretanto, sobrevive. E desembarca no Brasil essa semana, através do sobrevivente do trio, o baterista Carl Palmer, mais de duas décadas após a única passagem do ELP pelo país, no longínquo 1997. Apontado inúmeras vezes como o número um de seu instrumento entre os (bons) bateras do prog rock, o músico traz ao Brasil a turnê Emerson, Lake & Palmer Lives On, resgate do melhor que o grupo já produziu. Os shows acontecem em São Paulo, no Espaço das Américas (dia 24 de maio), no Rio de Janeiro (Vivo Rio, sexta, 25/5) e Niterói (sábado, 26, no Teatro Municipal). Faltou Curitiba no roteiro. O show integra a Top Cat Series, maratona de shows internacionais com produção assinada pela produtora carioca Top Cat Produções.
Fundamental no desenvolvimento do estilo, o ELP sempre foi tido como a (apenas em popularidade, bem entendido) quarta força do progressivo, atrás de, na ordem, Pink Floyd, Yes e Genesis. Fato que de maneira alguma empana seu baú de grandes álbuns, e de ousadias como cruzar rock com música clássica (trunfo da genialidade de Keith Emerson) e, o principal deles, centrar fogo nos teclados e abrir mão de guitarras (que aparecia somente aqui e ali, em discos) – sem que a ausência das seis cordas impactasse em uma veia menos roqueira. Isso sem falar nas baladas “matadoras” (“Lucky Man”, “From the Begining” e muitas outras) de Greg Lake, que renderam ao grupo alguns de seus grandes hits. E, ah, sim, o aspecto cênico: antes mesmo de contemporâneos de shows teatralizados como Alice Cooper e Kiss, o ELP foi das primeiras bandas a levar para o palco parafernálias que incluíam réplicas de tanques de guerra e atos como Keith Emerson engalfinhando-se com seus teclados e girando 360 graus com eles, enquanto tocava – um prodígio, para a época.
Em entrevistas, Carl Palmer tem destacado seu papel à frente da herança musical do ex-grupo. “Minha responsabilidade com Greg e Keith é enorme, o fato de manter a nossa obra viva. Felizmente, a respostas dos fãs têm sido incrível, o que me faz planejar continuar tocando nossa música por muitos anos ainda”. ELP Legacy, o grupo, conta com Palmer na bateria, Simon Fitzpatrick no baixo e Paul Bielatowicz na guitarra.