Nunca passou pela minha cabeça ganhar um Grammy, diz Kiko Loureiro

17 de fevereiro de 2017

Não consigo tempo para fazer coisas simples como assistir Netflix ou mesmo jogar videogame. Passo o tempo todo trabalhando na estrada e quando estou em casa quero ficar com a minha esposa e filhos“, diz Kiko Loureiro sobre sua vida super corrida em conversa com o Virgula. Além de integrante fixo do Megadeth, o guitarrista vive fazendo workshops, vídeos online, acaba de criar um curso para profissionalizar músicos, é pai de família e se tornou o mais novo brasileiro a ganhar um Grammy. É o homem multi-tarefas.

Enquanto as expectativas do 59ª Grammy Awards estavam voltadas para Caetano Veloso e Gilberto Gil, que concorriam na categoria de World Music, quem levou o prêmio foi Kiko na categoria de Melhor Performance de Metal, com a música Dystopia, do Megadeth. “Ser premiado é uma coisa que nunca passou pela minha cabeça”, conta ele, e relembra: “Fazer parte desta nata da música americana e mundial é incrível. Andar pelo backstage e ver pessoas que a gente só vê pela televisão, como Adele, Ed Sheeran, Beyoncé, Katy Perry, Bruno Mars, e todos em uma noite só, é surreal. De repente eu estava ali, não só ganhando, mas também sendo parte deste ‘best of’ da música. E tem outra, pra mim como artista poder ver a produção de um evento deste porte é mais um aprendizado”, conta ele

Já que o assunto da vez é o Grammy, não poderíamos deixar de comentar sobre a ‘gafe’ de terem tocado Master of Puppets, do Metallica, enquanto o Megadeth recebia o prêmio. “Olha, na hora a emoção foi tanta que nem me atentei a isso e só fui ver depois. Mas o Metallica era a grande atração metal da noite, por causa da performance com a Lady Gaga, então imagino que a banda do Grammy, que com certeza não estava ligada na ‘rixa’ passada entre as duas bandas, tirou a música e iria tocá-la para qualquer grupo que ganhasse o prêmio, seja o Korn ou o Megadeth, e coincidiu de ser nós“, diz Kiko, e brinca: “Dave Mustaine respondeu bem dizendo que ‘não dá para culpar a banda de não conseguir tocar Megadeth (risos)‘. Foi divertido e bom para manter essa ‘rivalidade’ viva (mais risos)”.

Assista ao momento abaixo:

Hoje, mantendo o status de um dos guitarristas mais respeitados do mundo, e no topo de exemplos para músicos brasileiros, Kiko fala de como encara essa responsabilidade: “Tudo o que estou vivendo no exterior e absorvendo na estrada com o Megadeth, procuro transpor para outros músicos, para que eles também se profissionalizem na carreira. Até criei um curso online, o Music Business, de 50 horas, em que faço hangouts e passo esse conhecimento para os brasileiros, para melhorarem a qualidade, poderem dar um ‘up’ na carreira e viver de música. É a forma que encaro essa responsabilidade, ensinando outros”.
Falando de profissionalismo, Kiko ensina: “Sabe, não adianta o músico apenas tocar bem o seu instrumento. Ele precisa entregar mais, mostrar mais. Por exemplo: Se o show do Megadeth está marcado para começar às 21h, eu estou posicionado com a minha guitarra em cima do palco nesta exata hora, nem um minuto depois. Não existe começar 21h10, ou mandar um whatsapp dizendo para atrasar um pouquinho o show que estou chegando. É uma regra básica que rola no exterior, e infelizmente não acontece muito no Brasil e outros países da América do Sul. Então, são atitudes que, se o músico entrega, ele já sai na frente de muitos outros“.
Para saber mais sobre o Music Business, acesse kikoloureiro.com/masterclass.

https://youtu.be/9oDcSNJahbo

Sobre ser uma pessoa multi-tarefas, Kiko conta que não é fácil, mas é muito recompensador: “Tenho que ser regrado para fazer tudo, vou encaixando meus compromissos, muitas vezes durmo no avião, e assim continuo. Claro que sinto falta daquele cineminha, daquele Netflix, mas poder subir em um palco e tocar quase todas às noites já é o meu entretenimento, já supri essa necessidade. Acabamos sendo o espetáculo ao invés de curtirmos um espetáculo. Acho que não dá para reclamar, né?”

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