Nova espécie de sapo é nomeada com homenagem a Pink Floyd por pesquisadores da UFV
22 de maio de 2017
Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa descobriram espécie que tem musculatura preta. O nome Brachycephalus darkside faz referência ao álbum “The Darkside of the moon” da banda britânica.
Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) descobriram, na Serra do Brigadeiro, na cidade de Ervália (MG) uma nova espécie de sapo, o Brachycephalus darkside. O nome faz homenagem ao álbum “The Darkside of the moon”, lançado em 1973, pela banda britânica de rock Pink Floyd.
De acordo com a pesquisadora Carla Silva Guimarães, o nome faz menção a uma característica que diferencia o sapo de outras espécies semelhantes, que é a musculatura preta, principal diferença em relação ao Brachycephalus ephippium, e que é base para a nova classificação e o inédito nome científico. A expressão inglesa Dark Side significa Lado Negro.
“Quando identificamos esta musculatura preta no sapo percebemos que se tratava de uma espécie diferente do sapinho pingo-de-ouro. Foi então que, juntamente com outros dois pesquisadores, começamos a pensar em um nome que fizesse referência a esta parte escura, característica que marca a nova espécie. Foi sugerido ‘dark side’ em referência à banda e aprovamos, já que além de fazer homenagem, ainda tem tudo a ver com a diferenciação do animal”, explicou a bióloga ao G1.
Sobre a homenagem ao Pink Floyd, a pesquisadora considera que eles conseguiram combinar a descoberta da nova espécie com algo que não fosse apenas ideológico, uma vez que a espécie tem mesmo um lado negro.
O tecido conjuntivo preto que cobre todos os músculos dorsais do sapo confere a ele um diferencial em relação a outros Brachycephalus, um gênero endêmico da Floresta Atlântica brasileira.
Se não fosse por essa descoberta que levou a outras, os pesquisadores continuariam considerando que a nova espécie, há algum tempo depositada no Museu de Zoologia João Moojen da UFV (MZUFV), se tratava do sapinho pingo-de-ouro, o Brachycephalus ephippium, já conhecido pela ciência. Esses sapos são considerados um dos menores vertebrados do mundo.
A identificação do Brachycephalus darkside foi resultado de uma pesquisa conduzida por Carla Silva Guimarães no mestrado que foi concluído em 2016, no Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal na UFV, sob orientação do professor Renato Neves Feio.
Guimarães decidiu durante o estudo “resolver problemas taxonômicos de anfíbios da Serra do Brigadeiro que ainda não tinham uma identidade específica”. O “sapinho dourado”, que era um deles, acabou se tornando o protagonista da pesquisa pelas novidades que revelou.
Para a confirmação da nova espécie, foi preciso ainda realizar comparações com coleções científicas do país do Museu Nacional do Rio de Janeiro, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).
O resultado de toda a pesquisa, que durou cerca de dois anos, foi apresentado em uma revista neozelandesa, no artigo The dark side of pumpkin toadlet: a new species of Brachycephalus (Anura: Brachycephalidae) from Serra do Brigadeiro, southeastern Brazil. Carla assina como primeira autora do trabalho, do qual também participam o professor Renato Neves Feio, o mestrando Pedro Carvalho Rocha e a graduanda Sofia Luz.