KASABIAN ROCKS SÃO PAULO

1 de outubro de 2018

Por Carlos Eduardo Oliveira

Banda britânica deixa ótima impressão em seu primeiro show solo no país

Em suas duas passagens anteriores por palcos brasileiros, o Kasabian tocou em festivais (Planeta Terra Festival,2007; Lollapalooza Brasil, 2015). Bons shows, é verdade, mas na noite do último domingo, o ruidoso público presente ao Credicard Hall, na capital paulista, teve uma amostra do brutal poder de fogo do grupo em shows próprios.

Primeiro, a constatação: o Kasabian toca alto. Muito alto. Pra fã de metal nenhum botar defeito. Num rápido paralelo, nem Smashing Pumpkins e suas distorções de guitarra, nem o Killers, por exemplo, capricham tanto nos decibéis. E com produção de palco de banda realmente grande.

Após a boa sacada da introdução com temas hollywoodianos (“Ecstasy of Gold”, de Ennio Morricone, também usado pelo Metallica, e o icônico tema da 20th Century Fox), “Il Ray (The King)” foi a senha pra uma noite de muito chacundum. Sim, chacumdum, balanço dançante, porque mesmo sendo uma banda de credenciais de rock, a “pegada” indie dance com temperos eletrônicos do Kasabian não deixa ninguém parado. Créditos ao excelente baixista Chris Edwards.

Já “queimar” um megahit como “Underdog” (em versão estendida) logo na segunda música revela muita confiança no próprio taco. O cantor Tom Meighan não faz o tipo de vocalista flashboy. Dono de ótimo registro vocal, joga para o time, não raro posicionando-se mais ao fundo do palco, enquanto o guitarrista Serge Pizzrono faz as honras da casa.

Aliás, falar de Pizzorno é falar de seu segundo no instrumento, Tim Carter, músico contratado que faz valer seu salário – é ele quem realmente dá as cartas (usando Gibsons Les Paul), nas seis cordas. Produtor, principal letrista e fundador do grupo, Serge Pizzorno prefere Rickenbacker, mas seus atributos à guitarra são modestos, o que não é um problema. Dividindo os vocais e a frente do palco a todo momento com Meighan, é a alma do grupo, um (no bom sentido) animador de auditório ítalo-britânico que deixa literalmente o sangue “oriundi” ferver no palco: pula, dança, incita a galera, desce do palco para cantar no meio dela, puxa o “Parabéns a Você” para o fã que aniversaria. E elogia: “É por isso que gosto de vocês, São Paulo. Vocês são f…”.

Em quase duas horas de muita energia, hits como “Clubfoot” e “Empire” alternaram-se com canções de For Crying Out Loud (de 2017, caso das ótimas “You’re in Love with a Psycho” e “God Bless This Acid House”, “Wasted”…). O gran finale com “Vlad the Impaler” e “Fire” foi o fecho perfeito.

No mais, muito legal ver em cena uma banda trocando o “cumprimento do soquinho” a cada canção e se divertindo tanto quanto o seu público. Ponto para o Kasabian.

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