Estado de Minas transforma política brasileira em capa de clássico dos Beatles

25 de maio de 2017

Quem passou na frente de uma banca de jornal em Minas Gerais hoje pela manhã ou já recebeu essa capa em seus grupos de WhatsApp ou no Twitter levou um belo susto. A icônica capa do Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, disco dos Beatles que faz 50 anos em 2017, estava estampada na capa do jornal Estado de Minas, com algumas diferenças estruturais. Ao invés de retratar a diversidade de personalidades famosas da época, como os Beatles fizeram em esculturas, colagens e fotografias, a equipe do jornal retratou os políticos brasileiros, bem posicionados em frente do que seria a “Presidente Temer Planalto Club Band”.

A capa do disco, famosa por suas fotografias e trabalhos que retratam a diversidade de personalidades famosas, entre atores, esportistas, cientistas, pensadores e gurus da época (estes últimos, à pedido de Harrison), tinha por objetivo mostrar um guia da cultura da época. Já a capa do Estado de Minas mostra um retrato da época que vivemos, em uma corajosa releitura que aparentemente não deixa nenhum dos principais personagens da crise política brasileira de fora.

A equipe de jornalismo do veículo também encontrou sentido em destacar, com o nome de algumas das músicas do disco, momentos da crise: “Fixing a Hole” por exemplo, menciona a devolução do dinheiro de propina feito por Rocha Loures, durante o dia de ontem, porém, destaca o fato de a mala ter sido devolvida com R$ 35 mil a menos (tapando buraco mesmo!). “Getting Better” destaca as boas notícias da economia apesar da crise e, ao final, sem qualquer explicação, a capa menciona a canção “When I’m Sixty-Four”, que se não for uma referência não tão disfarçada à semelhança infeliz que vivemos com relação ao golpe de 1964, não sabemos dizer o que é.

No rodapé da página, o jornal explica que músicos mineiros comentam os 50 anos do disco no caderno de cultura e que a capa do disco serviu de referência para a releitura. Se essa capa não entrar para a história do jornalismo brasileiro, não sabemos o que entrará.

Fonte