DEF LEPPARD + AEROSMITH: DOBRADINHA PODEROSA NO FESTIVAL SÃO PAULO TRIP

26 de setembro de 2017

Por Carlos Eduardo Oliveira 

A terceira noite do festival SÃO PAULO TRIP não poderia ter catalogado melhor combinação, como a dos britânicos do Def Leppard com a longeva banda americana comandada pelo cantor Steven Tyler e pelo guitarrista Joe Perry. Não exatamente por afinidade musical, mas por reunirem um (grande) público de gosto similar no Allianz Park, na noite do ultimo domingo, na capital paulista. Com ampla vantagem numérica, claro, para os fãs de Tyler e cia. 

  Em cena, o Def Leppard é perfeito. De certa forma, o ótimo show no SPT é a justiça sendo feita com o público brasileiro por parte de uma banda que não teve pudores, ao despontar na então nova cena do metal britânico nos anos 80,  em combinar calças de couro e guitarras estridentes a “baladas metal” de harmonias vocais mais que perfeitas.

É assim até hoje. O single “Let’s Go” (do álbum Def Leppard, de 2105) abre os trabalhos, combinando peso e melodia em iguais proporções. De cara, chama a atenção a bela produção de palco, talvez a mais bonita e criativa do SPT. Comandando a festa, o registro seguro e a boa presença de palco do vocalista Joe Elliot.  Na bateria, Rick Allen comanda as batidas com os pés, beneficiado pelo fato de privilegiar, desde sempre, as partes mais “leves” de seu instrumento. E se Vivian Campbell é discreto na segunda guitarra, Phil Collen, sem camisa, exibe, aos 60 anos, mais do que o biotipo “tanquinho” – de suas seis cordas saem todo o peso e a melodia do Leppard. 

Revisitando as poderosas baladas, sua assinatura, (“Love Bites”, “Bringin’ On the Heartach”), o quinteto de Sheffield finaliza com sequência clássica, impecável: “Hysteria”, “Let’s Get Rocked”, “Rock of Ages” e seu primeiro single de sucesso, “Photograph”. Um arraso. Cabia mais.

 A apoteose do melhor do rock de arena – talvez seja essa a melhor definição para a apresentação arrasa-quarteirão do Aerosmith no SÃO PAULO TRIP. Impressionam o vigor físico e musical da trupe de Boston, cujo atual poder de fogo conduz à pergunta: a ameaça de aposentadoria era a sério? “Vamos chapar o coco, São Paulo”, ordenava Steven Tyler. Exagero: na verdade, o que o vocalista e seus colegas fizeram foi transformar o Allianz Park lotado em uma enorme pista de dança para roqueiros, casais e gente de todas as idades – famílias inteiras, inclusive.

Em “Let Music Do the Talking”, a primeira canção, é salutar a constatação de que a banda não se aparta de suas raízes bluesy, que dá as caras mais tarde novamente na parte solo de Joe Perry (“Stop Messing Around”, cover do Fleetwood Mac) – por mais que o setlist privilegie a fase de sucesso radiofônico pós-álbum Pump (1989).

Baladas irresistíveis como “Crying”, “Crazy”, “Livin’ On the Edge” (em versão antológica) e “I Don’t Want Miss a Thing”, alternam-se com o melhor da assinatura hard rock dos “bad boys” (“Rag Doll”, “Mama Kin”, “Love In a Elevator”) para nos lembrar da relevância essencial do quinteto. Sim, quinteto (e em sua formação original, por sinal), apesar de que, no palco, as novas gerações de fãs parecerem ter olhos e ouvidos apenas para Steven Tyler. Seu timing e domínio cênico na condução de cada segundo da apresentação só é proporcional à histeria (feminina) a cada gesto do cantor.  

 O famoso cover de “Come Togheter”, dos Beatles, não deixa pedra sobre pedra. Os clássicos “Sweet Emotion”, “Dude (Looks Like a Lady)” e, já no bis, “Dream On” (conduzida por Tyler em um piano branco, na passarela em meio à plateia) e a funkeada “Walk This Way” encerram a festa em altíssima voltagem. No palco, o Aerosmith tem noção de sua própria grandiloquência. E entrega o que promete.

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