COM THE WHO E SEM CONCESSÕES
19 de setembro de 2017
Guitarras em primeiro plano e a estreia da lendária banda britânica no Brasil – o SÃO PAULO TRIP é o grande festival rocker do ano
por Carlos Eduardo Oliveira
Sem concessões pop, e dosando sabiamente o vintage e o moderno. É dessa forma que o SÃO PAULO TRIP desponta em sua primeira edição para estabelecer-se na cena dos grandes festivais de rock anuais no país. Do grande trunfo que é hospedar a estreia histórica do The Who em palcos brasileiros, à “saideira” em grande estilo com Guns’n’Roses, passam ainda pelo palco do Allianz Park, na capital paulista, grandes shows de Alice Cooper, Aerosmith, The Cult, Bon Jovi, etc. Em que pese a boa vendagem, ainda há ingressos disponíveis para as quatro datas do evento através do Ingresso Rápido – www.ingressorapido.com.br). A realização do SÃO PAULO TRIP é da Mercury Concerts, empresa de entretenimento com duas décadas de know-how em eventos culturais de massa.
21/09
>ALTER BRIDGE:
O quarteto ianque de metal alternativo tem tudo para fazer bonito na abertura do SPT. Nascido das cinzas do Creed, o Alter Bridge já tem cinco trabalhos no currículo, e participação em importantes festivais mundo afora. Promete ser a boa surpresa da noite.
>THE CULT:
Show de altíssima voltagem. O crossover de power hard rock com pós-punk oitentista vitaminado torna o Cult o escudeiro perfeito para uma noite que tem o Who como headliner. Se quisesse, a banda faria um show só de hinos, tamanha a quantidade de hits de seu repertório. Mas o time da dupla Ian Astbury (vocal) e Billy Duff (guitarras) felizmente não dorme sobre os louros, e o recém lançado (2016) Hidden City também está na pauta. Adicione à conta “Rain”, “Love Removal Machine”, “She Sells Sancturay”, “Revolution”, “Fire Woman”, “Wild Flower” e por aí vai. Festa garantida.
>THE WHO:
O que dizer? O fato do The Who ser a única banda do santíssimo panteão da história do rock a nunca ter vindo ao país já torna sua presença histórica e imperdível. Este escriba teve a dádiva de vê-los na turnê comemorativa do clássico Quadrophenia, em 2014, em Londres. Roger Daltrey canta hoje como em seus melhores dias, e a guitarra de Pete Townshend ainda é o pulmão propulsor em cena. Na atual turnê, o setlist está pra lá de generoso. É separar o lenço e esperar por “I Can’t Explain”, “The Kids Are Allright”, My Generation”, Baba O’Riley”, “Won’t Get Fooled Again”, “Who Are you” e, claro, um substancioso extrato de Tommy, a mais famosa ópera-rock da história.
23/09
>THE KILLS
Cabe tudo no bem talhado caldeirão apresentado pelo duo da americana Alison “W” Moshart (vocais, guitarra) com o britânico Jamie “Hotel” Hince (bateria, vocais, guitarra). De garage rock a lo-fi, de Velvet Underground a White Stripes, de eletrônico a Patti Smith. Espere o inesperado.
>BON JOVI:
O fato de This House is Not for Sale, o mais recente álbum, ter debutado direto no topo das paradas americanas, diz muito sobre a trupe de Nova Jersey comandada por Jon Bon Jovi. Com décadas de estrada, e em que pese a ausência do guitarrista e fundador Ritchie Sambora, “convidado a sair” em 2014, a banda ainda lota estádios e arenas no mundo todo, embalado por um caminhão de hits e por um sólido eleitorado (boa parte dele, feminino) de todas as idades – que certamente lotará o Allianz Park. Muito carisma, presença de palco marcante e registro vocal impressionante são elementos que ainda fazem de Jon o centro das atenções. Mas o grupo todo entrega o que promete.
24/09
>DEF LEPPARD:
Talvez tenha sido a tragédia que impediu a vinda do quinteto britânico ao Brasil no distante 1985, para o primeiro Rock in Rio – o baterista Rick Allen perdeu um braço em grave acidente de carro –, o fator decisivo para que o Leppard nunca tenha de fato “pego no breu” entre roqueiros brasileiros. Uma pena. Ao fundir o peso da então nascente New Wave of British Metal Rock com muita melodia e primorosas harmonias vocais, o grupo criou assinatura única no metal que rendeu “zilhões” de discos vendidos. Quem já os viu em cena sabe: é show a não perder, surpreendente, impressionantemente pesado. E sim, Rick Allen dá perfeitamente conta do recado na bateria adaptada.
>AEROSMITH:
Em clima de “não é bem assim”, o Aerosmith parece ter adiado oficialmente a anunciada saída de cena (a passagem por palcos verde-amarelos ano passado era para ter sido a última). Sorte do público brasileiro, que tem agora a chance de (re)ver com quantos sucessos se faz uma carreira respeitosa de quase cinco décadas. Das baladas power ao hard rock bluesy, pouca gente tem na carteira o arsenal de hits dos “bad boys” de Boston. Um dos grandes highlights do SPT.
26/09
>TYLER BRYANT & THE SHAKEDOWN
O aperitivo para o último dia do festival promete. Formado em Nashville, o grupo, que já abriu para Jeff Beck e ZZ Top, tem em suas fileiras Graham Whitford, filho de Brad Whitford, guitarrista do Aerosmith. Rock, blues e hard rock em som enérgico.
>ALICE COOPER:
Assíduo frequentador de palcos brasileiros, o inventor do grand-guignol no rock, eba, dá as caras por aqui novamente. Toda vez que Tia Alice sobe à ribalta traz não apenas seu (no bom sentido) misancene circense de horrores, mas bandas afiadíssimas e um carrossel de hinos, de “Elected” e “No More Mr. Nice Guy” a “Killer”, “School’s Out”, “Billion Dollar Babies” etc.
>GUNS’N’ROSES:
Menos de um ano atrás, o GNR fez shows poderosos no Brasil, na esteira da volta triunfal de sua formação clássica, com Axl Rose (vocais), Slash (guitarra) e Duff McKagan (baixo), além do tecladista Dizzy Reed, juntos em cena novamente. Ego, dinheiro, carreiras solo nem sempre bem sucedidas. Não importa: a obra do Guns é inquestionável, e o arsenal de hits fala por si só – idem para a química de seus integrantes, no palco. Tiro certeiro e o melhor fechamento imaginável para o último dia de festival.