De Thor: Ragnarok a O Senhor dos Anéis: o lado nerd do Led Zeppelin
30 de outubro de 2017
O primeiro trailer de Thor: Ragnarok mostrou o deus do trovão vivido por Chris Hemsworth sem seu martelo e sua terra, Asgard, destruída. Ao fundo, a trilha sonora não poderia fazer mais sentido: “Immigrant Song”, do Led Zeppelin.
Só o fato de o trailer ter uma música do Led é um evento raro, visto que o grupo britânico é notoriamente seletivo com o uso de seu trabalho pelos filmes produzidos em Hollywood. Mas a escolha da canção não é mero acaso, já que ambos os trabalhos tem em comum a mesma inspiração: a mitologia nórdica.
Lançada em 1970, oito anos após a criação de Thor por Jack Kirby e Stan Lee na Marvel, “Immigrant Song” é uma ode aos vikings, suas origens (“nós somos das terras de neve e gelo, do Sol da meia-noite e onde jorram as fontes de água quente“) e de suas crenças.
Existe, inclusive, uma referência clara ao próprio Thor, quando a letra fala sobre o “martelo dos deuses”, que guiará os barcos vikings a novas terras. Outra conexão com o filme ocorre quando o vocalista Robert Plant diz “Valhalla, estou chegando”, citando o enorme salão para onde vão os guerreiros mortos em combate escolhidos por Odin.
O misticismo é um tema recorrente nas músicas do Led Zeppelin. Sempre com letras enigmáticas, o grupo buscou ao longo de sua carreira inspiração em várias crenças e filosofias, como o cristianismo (“In My Time of Dying”), mitologia grega (“Achilles’ Last Stand”) e, em diversos momentos, literatura clássica: “Kashmir” e sua citação a Shangri-la, o paraíso criado pelo escritor James Hilton em Horizonte Perdido, a escolha de “Moby Dick” para o título de uma faixa instrumental, apenas para citar alguns exemplos.
Mas uma das influências mais famosas (se não a mais famosa) do Led Zeppelin é, também, inspirada pela mitologia nórdica: O Senhor dos Anéis. Décadas antes de chegar ao cinema e ao mainstream, a saga de J.R.R. Tolkien figurava nas letras da banda, já no início de sua carreira.
Em 1969, 14 anos depois da publicação do primeiro volume da saga, “Ramble On”, faixa do disco Led Zeppelin II, falava de um homem que havia conhecido uma bela moça nos confins de Mordor, mas ela havia foi raptada pelo perverso Gollum.
Led Zeppelin IV, quarto disco do grupo, traria ainda mais referências a Tolkien com “The Battle of Evermore”, que narra a Batalha dos Campos de Pelennor. Na letra, Plant canta sobre um “príncipe da paz que abraça a noite e caminha sozinho pela escuridão”, em uma referência que serve tanto a Aragorn ou a Frodo. Há também uma referência a Galadriel, a “rainha da luz que pegou seu arco e se virou para partir”.
Outra referência famosa está em “Misty Mountain Hop”, na qual o eu-lírico descreve as Montanhas da Névoa, que abriga diversas criaturas da Terra-Média, como os anões de Khazad-dum, ou os goblins cuja cidade foi o local onde Bilbo Bolseiro, tio de Frodo, encontrou o um Anel.