JETHRO TULL: SOBRE IAN ANDERSON E A IMORTALIDADE NO ROCK’N’ROLL

23 de outubro de 2017

Por Carlos Eduardo Oliveira

Uma das mais famosas canções do Jethro Tull, homônima a seu refrão, consagrou a frase “Too old to rock’n’roll, to young to die” (“muito velho para o rock’n’roll, muito novo para morrer”). Em discreta passagem pelo Brasil, Ian Anderson, 70 anos, o fundador, líder e compositor-mor da seminal banda de rock progressivo que despontou no longínquo 1969, deu mostras de que, metaforicamente, ele sempre esteve certo: seja quais forem os desígnios do criador, quando a obra criada é maiúscula, ela fala por si só.

A turnê “Best of Jethro Tull by Ian Anderson” trouxe ao Brasil apenas três shows, em Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo. Um show que os curitibanos mereciam ver. Na capital paulista, ante um Teatro Bradesco lotado, ruidoso e reverente, o revisado repertório do JT, que oficialmente parou em 2012, passou no teste do tempo. Ok, a voz de Anderson não é a mesma, e deu para sentir saudades da fúria quase hard rock com a qual o JT se entregava em cena. Mas dignidade é tudo.

Bom humor também. “Em 1971, 1972, surgiu na Inglaterra uma turma marrenta e arrogante, que criou o tal de rock progressivo”, disparou Anderson. “Uns tais de Yes, Genesis, Pink Floyd, Emerson, Lake & Palmer. Achavam que eram o máximo. Bem, fiz o possível para me juntar a eles”, brincou. Sob o comando das inconfundíveis melodias de sua flauta, durante as mais de duas horas de show, foram revisados clássicos do Tull como a já citada “Too old…”, e ainda “Songs From the Wood”, “Living in the Past”, “Nothing is Easy”, “Heavy Horses”, “Bourée”, “Farm on the Freeway” fizeram literalmente a cabeça da plateia. Que, eufórica, retribuía: em releitura emocionante, a mini-ópera-rock “Thick as a Brick” recebeu longa “standing ovation”, um avassaladora salva de aplausos, com o público em pé.

“A New Day Yesterday”, a versão acústica da litúrgica “My God”, todo o peso de “Locomotive Breathe” e, claro, “Aqualung”, o maior hit do Tull, completaram a festa. Volte logo, mr. Anderson. E um favor: na próxima, inclua Curitiba na rota.

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