Mulheres Cervejeiras lançam a 1ª cerveja que incentiva o empoderamento feminino
7 de julho de 2017
Em franca expansão, o mercado cervejeiro ganha espaço em Curitiba. No primeiro semestre de 2017, 30 bares de cervejas artesanais foram abertos na cidade, segundo a Associação das Microcervejarias do Paraná (Procerva).
No meio deste setor efervescente e, ainda, mais masculino do que feminino, as mulheres têm conquistado espaço. Elas estão mais presentes nos eventos, representado 40% do público, de acordo com a Procerva, e também assumiram o comando do preparo.
Há inclusive um coletivo, o “Mulheres Cervejeiras”, criado na capital paranaense, que quer mostrar o empoderamento feminino no universo cervejeiro.
Mulheres Cervejeiras
“É um mercado muito novo, ainda mais quando a mulher está apresentando. Buscamos o empoderamento no mercado de trabalho no ramo cervejeiro, porque ainda é um ramo muito masculino. Sofremos preconceito de que mulher não sabe produzir cerveja, que é uma atividade masculina”, disse a digital influencer Daiane Santos, de 22 anos, uma das representantes do movimento.
Para o coletivo, que existe há aproximadamente um ano e meio, o preparo de uma bebida pode representar o conceito do emponderamento feminino no ramo. E isso se consolida com American Pale Ale Single Hop Amarillo, que será lançada, em Curitiba, neste sábado (8).
O rótulo é a primeira cerveja oficial do movimento.
“Nossa intenção é dar voz às mulheres que sonham trabalhar nesse mercado”, afirmou Daiane.
A digital influencer explicou como a confraria se tornou um movimento: “Surgiu aqui em Curitiba, quando nos reuníamos para degustar cerveja. Encontramos especialistas e recebemos o apoio de cervejarias. É um movimento que hoje está em todo o Brasil. A ideia é orientar as mulheres para que tenham uma experiência de degustação”.
A cerveja
A receita da “American Pale Ale – Mulheres Cervejeiras” é de uma cervejeira de Uberlândia (MG) e foi preparada com a colaboração da cervejaria República de Curitiba, que fica em Pinhais, na Região Metropolitana da capital paranaense.
“Não somos uma cervejaria. Fizemos em parceria com a República de Curitiba. Convidamos uma menina de Uberlândia, que faz a parte da confraria e que tinha a receita, e produzimos a cerveja”, contou Daiane.
Os 500 litros da bebida foram feitos em maio durante três workshops, com a presença de 40 pessoas.
Lançamento
O lançamento da “American Pale Ale – Mulheres Cervejeiras” será em um bar que tem uma mulher como beer sommelier.
Marilise de Oliveira, de 30 anos, largou a carreira na área de recursos humanos em São Paulo para iniciar uma empreitada empreendedora. Com dois sócios, Marilise abriu o Hendrix Brew House, que é uma “casa da cerveja”, em Curitiba, em dezembro de 2016.
No local, são vendidos chopes e cervejas artesanais locais e também de outras regiões. Além disso, há a intenção de produzir a própria cerveja, mas, por enquanto, este plano ainda não foi colocado em prática.
“Eu trabalhei om RH [recursos humanos] por 12 anos. Quando olhava a longo prazo, não era com RH que eu queria continuar trabalhando, mas não sabia fazer outra coisa da minha vida. Procurei um caminho de afinidade. Gosto de tomar cerveja. Encontrei o Instituto de Cerveja [em São Paulo] e tomei a decisão de fazer o curso de sommelier. Fui fazer por hobby, mas o curso tem uma robustez muito grande e aquilo me abriu os olhos e me deu coragem”, contou a empreendedora.
A partir dessa experiência, Marilise percebeu o aumento da quantidade de mulheres no ramo cervejeiro. “Vi no curso que, pelo menos, 40% da turma era de mulheres. Tinha um ‘pré-conceito’ que teriam poucas mulheres. À medida que fui entrando no meio, percebi um número grande de mulheres ativas no segmento, nomes de referência. Há apoio do empoderamento no meio cervejeiro”, relatou.
‘Paladar não tem gênero’
Para Marilise, o preconceito acaba acontecendo mais entre os leigos – disse ao se referir a quem não faz parte do universo cervejeiro. Ela contou que, à frente do balcão do bar, precisa driblar a hostilidade com educação. “Paladar não tem gênero. Não tem cerveja para mulher ou para homem. Isso é o gosto de cada um”.
A beer sommelier acompanhou todo o processo de produção da cerveja. Ela afirmou que o empoderamento feminino no mundo cervejeiro é uma bandeira do bar: “Estava no nosso plano de negócio”.
O mercado cervejeiro
Atualmente, o Paraná tem 51 cervejarias, contando com a fabricação cigana, que é quando existe uma parceria com uma cervejaria para que um cervejeiro produza a bebida. Segundo o diretor de marketing e comunicação da Procerva, Anuar Tarabai, nos últimos cinco anos, o setor quadriplicou no estado.
Por mês, são produzidos 400 mil litros de cerveja artesanal no Paraná. “Em Curitiba e na Região Metropolitana, só se produz cerveja artesanal”, comemorou Tarabai.
Além disso, de 2011 até hoje, o estado coleciona 213 premiações nacionais e internacionais em rótulos de cervejas artesanais, também conforme a Procerva. “‘Beba menos e beba melhor’ é o nosso lema”, disse o diretor de marketing e comunicação da associação.
Serviço
O lançamento da 1ª Cerveja Oficial do Mulheres Cervejeiras vai ser a partir das 18h no Hendrix Brew House, que fica na Rua Alberto Bolliger, nº 721, no Juvevê.
A cerveja vai ser vendida como chope por R$ 10 e R$ 14, em copos de 300 ml e 473 ml, respectivamente. A previsão é de que a versão em garrafa esteja disponível em 30 dias.
Não há entrada, porém, depois das 20h30, será cobrada a taxa de R$ 5 de couver artístico. A cantora Érica Geraldo e o guitarrista Diogo Mello farão um show com clássicos de Amy Winehouse e Janis Joplin, entre outros.