Cigarro mata pelo menos 12 pessoas por dia no Paraná

31 de maio de 2017

Hoje é celebrado o Dia Mundial Sem Tabaco, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1987, como um alerta sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Paraná, segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são registrados pelo menos 12 óbitos por dia relacionados ao fumo.

No Brasil, estudo sobre o impacto econômico do tabagismo no sistema brasileiro de saúde revelou que em 2011 foram gastos R$ 23 bilhões com o tratamento de algumas das mais de 50 doenças tabaco-relacionadas. De outro lado, a arrecadação com impostos sobre cigarros (produto de tabaco mais consumido) recolhidos naquele ano foi da ordem de R$ 6 bilhões. Mas o custo do tabagismo no Brasil avaliado pela pesquisa ainda está subestimado: não incluiu o custo gerado pelo absenteísmo, perda de produtividade, despesas das famílias dentre outros gastos indiretos relacionados ao tabaco.
Com relação às doenças, a que mais mata é o câncer de pulmão De acordo com dados do Datasus, mantido e atualizado pelo Ministério da Saúde, entre 2011 e 2015 (último ano com dados disponíveis), 8.143 paranaenses perderam a vida vítimas da neoplasia, que é o tipo de câncer que mais mata no país. O Inca, por sua vez, indica que 90% dos óbitos (7.329) envolvem fumantes, enquanto os 10% restantes são fumantes passivos.
A segunda posição fica com a doença arterial coronariana, que é na verdade um grupo de doenças que inclui problemas como infarto do miocárdio e parada cardiorrespiratória. No período de cinco anos essas doenças causaram um total de 30.329 mortes, das quais entre 25 e 45% estariam relacionadas com o tabagismo — ou seja, entre 7.582 e 13.648 mortes.
Outros tipos de câncer tabaco-relacionados (boca, laringe, faringe, esôfago, pâncreas, rim, bexiga e colo do útero), com 3.758 mortes, e problemas como bronquite e efisema, que provocaram 2.043 óbitos, completam a lista das doenças e mortes relacionadas ao fumo. No caso das neoplasias, o tabagismo representa 30% das mortes, enquanto nos casos de bronquite e enfisema o índice chega a 85%. Os números citados já consideram os recortes de ocorrências diretamente relacionadas ao tabagismo.

Eventos em Curitiba alertam sobre o problema
Uma série de eventos serão realizados hoje para alertar sobre os problemas relacionados ao tabagismo. O Complexo Hospital de Clínias (HC) da UFPR, por exemplo, fará exposições de “cigarros gigantes” e fará ações educativas incentivando as pessoas a vencerem o vício, enquanto a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) realizará o 2º Mutirão Nacional da Rede Ebserh, com expectativa de recorde de mais de 8 mil procedimentos nos 39 hospitais universitários federais filiados.
Já o CHC realizará aferições de pressão arterial, verificações de glicemia e orientações para se prevenir da gripe H1N1, hipertensão, diabetes e câncer de boca, postura corporal e farmacêutica, no Hospital de Clínicas.
A Sociedade Paranaense de Cardiologia, por sua vez, promove ação de conscientização sobre os malefícios do tabagismo, na Praça Santos Andrade, das 9 às 16 horas. Por fim, o Hospital São Vicente-Funef realizará uma palestra com o ardiologista Rubens Zenóbio Darwich, cujo tema é “Tabagismo e o Risco Cardiovascular”. A palestra será às 17 horas, no Centro de Eventos do Hospital São Vicente (Rua Vicente Machado, 401 – Centro) e a entrada é gratuita.

Impactos ambientais do tabaco
A OMS definiu que o Dia Mundial Sem Tabaco deste ano terá como tema “Tabaco: uma ameaça ao desenvolvimento”. A escolha visa chamar a atenção não só aos danos que o fumo provoca à saúde pública, mas também aos importantes impactos socioambientais gerados pela produção e o consumo de produtos do tabaco, em geral pouco conhecidos pela população.
De acordo com o Inca, a plantação de fumo contribui para 5% do desmatamento em países em desenvolvimento. Além disso, ao se acender um cigarro são liberadas mais de 4.700 substâncias tóxicas no meio ambiente, incluindo arsênico, amônia e monóxido de carbono (o mesmo emitido por automóveis). Já os filtros descartados de forma inadequada demoram cerca de 5 anos para se decompor, podendo matar peixes, animais marinhos e aves que ingerem nosso lixo acidentalmente – pontas de cigarro correspondem de 25 a 50% do lixo coletado em ruas e rodovias.
Produtores — O setor se defende, lembrando que a exportação de tabaco gera riqueza para o Brasil. No ano passado, foram mais de R$ 2 bilhões exportados — 99% por produtores do Sul do País. Além disso, o produtor de tabaco ganha 73%a mais que a média da população brasileira, o que garante um bom padrão socioeconômico para a categoria.

Fumo e câncer de pulmão
Dados do Registro Hospitalar de Câncer do Hospital Erasto Gaertner (HEG) apontam que entre 2010 e 2014, o histórico de consumo de tabaco esteve presente em 22,9% dos relatos dos pacientes que iniciaram o tratamento no hospital. Nos casos de câncer de pulmão registrados, aproximadamente 70% dos pacientes referiram hábito de fumar atual ou previamente.
“A chave para a prevenção (não começar a fumar) está na educação das crianças”, diz a oncologista Paola Pedruzzi, do serviço de cabeça e pescoço do Hospital Erasto Gaertner.

Principais causas de mortes relacionadas ao tabagismo no Paraná
(2011-2015)

Câncer de pulmão: 8.143

Doença coronariana: entre 7.582 e 13.648

Bronquite e enfisema: 2.043

Outros tipos de câncer tabaco-relacionados: 3.758

Doenças vasculares: 977

Fonte: Ministério da Saúde e Inca

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