ROCK PROGRESSIVO DO TERCEIRO MILÊNIO

4 de junho de 2018

Turnê brasileira do baterista Carl Palmer afasta da zona de conforto fãs do lendário Emerson, Lake & Palmer

Por Carlos Eduardo Oliveira

Existem basicamente duas leituras para a recente turnê brasileira do baterista Carl Palmer, não por acaso intitulada Emerson, Lake & Palmer Lives On: a ortodoxa, de fãs saudosistas do power trio que mesmo sem guitarras vitaminou a sonoridade do prog rock dos anos 70; e a visão mais abrangente, que dá crédito à suprema coragem do músico, remanescente único do grupo, em substituir por um guitarrista os acordes do lendário tecladista Keith Emerson e até os vocais do baixista Greg Lake (ambos falecidos em 2016, e igualmente fundadores do ELP), projetando assim uma nova dinâmica, totalmente instrumental, ao inegável legado do grupo.

Ambas são legítimas. E dado o entusiasmo do público que compareceu ao Espaço das Américas, em São Paulo, mesmo quem defende a primeira tese não se decepcionou. Como nos áureos tempos, a vinheta “Wellcome Back My Friends to the Show that Never Ends” (extrato da faixa “Karn Evil 9”) abriu os trabalhos, seguida da extraordinária “Abaddon’s Bolero”. Simpático e descontraído como sempre, usando camisa de surfista (como sempre), Palmer, a cada intervalo de canções, contava histórias hilárias da trajetória da banda, entremeadas com comentários sobre cada música. Não que o caminho tenha sido fácil: a afinação intrincada e os efeitos das seis cordas do guitarrista Paul Bielatowicz por vezes lembravam até um outro grupo contemporâneo do ELP, o também progressivo King Crimson (de quem aliás, Palmer incluiu no setlist a suprema “21st Schizoid Man”), dificultando, em dados momentos, que se reconhecessem as melodias originais da banda.

Ainda assim, em que pese também a ausência do vocal melodiosamente grave de Greg Lake, a força do repertório do ELP fala por si só. Álbuns seminais como Trilogy e Tarkus foram passados a limpo – este, com a versão integral da grandiosa faixa-título, “a música que nos colocou no mapa mundial do rock”, comentou o baterista. “Tank”, “Knife Edge”, “Hoedown”, e até baladas matadoras como “From the Begining”, “C’est la Vie” e o superhit “Lucky Man” (que fez do ELP grande na América), dedicada por Palmer aos ex-colegas – couberam ainda na receita extratos da opera “Carmina Burana” e a sinfônica “Fanfare for the Common Man”, num encerramento apoteótico.

Peça sua música

Quer sugerir uma música para rolar na minha programação? É só preencher os campos abaixo:

Aplicativo

Você pode ouvir a rádio Mundo Livre direto no seu smartphone.

Disponível no Google Play Disponível na App Store

2024 © Mundo Livre FM. Todos os direitos reservados.