PHIL COLLINS ARREBATA CORAÇÕES E MENTES EM SÃO PAULO

27 de fevereiro de 2018

Nem o mais xiita fã de Slayer resistiria ao showzaço do cantor em São Paulo no último fim de semana

por Carlos Eduardo Oliveira

Quando Phil Collins saiu da bateria e pulou para a frente do palco, após a debandada do vocalista Peter Gabriel, muita gente decretou que “daria ruim” para o Genesis. Isso ainda nos anos 70. Com o tempo, o cantor/compositor não só revigoraria a trajetória da banda, até então exponencial no rock progressivo, como moldaria para si mesmo uma milionária e bem sucedida carreira solo. Trinta e sete anos após passar pelo Brasil com o ex-grupo, Collins retorna com uma turnê arrasa-quarteirão.

Na abertura, ante um estádio lotado (quase 40 mil pessoas), foi reconfortante (re)ver Chrissie Hinde e o seu The Pretenders ainda mandando muito bem – afinal, não é todo dia que uma roqueira que já velou dois ex-integrantes por excessos com as drogas ainda esbanja vitalidade aos 66 anos, e com a voz intacta. Do time original, apenas o leal Martin Chambers, na bateria. De maneira acertada, o setlist da turnê conjunta com Phil Collins privilegia o cancioneiro mais radiofônico do grupo. Ainda que ao preço de “sacrificar” hits que fizeram o Pretenders abrir caminho para o rock dito alternativo nos anos 80, “Don’t Get Me Wrong”, “Brass in Pocket”, “Hymn to Her” e “I’ll Stand By You” agradaram em cheio a uma plateia que não foi ao Allianz Park necessariamente por causa do grupo. Ao som do corinho “uuuuu” de “Middle of the Road” cantado pelo povão, Chrissie e sua trupe deixaram o palco consagrados. Ponto para ela (que registre-se, já morou em São Paulo nos anos 90!).

Muita gente filmando, casais namorando, pais, mães, filhos. Dizendo assim faz parecer que o show “família” de Phil Collins cairia na armadilha fácil do “easy lintening” – aliás, detratores acusam-no de continuamente surfar o sucesso fácil. Nada disso: em que pese a catarata de sucessos de FM, e a limitação física do MC da noite (por conta de problemas ortopédicos, Collins anda com dificuldade e canta sentado em uma cadeira o centro do palco), a apresentação foi não menos que incendiária e contagiante, colocando todo mundo par dançar.

Isso se deve em grande parte à fantástica banda que o acompanha, e quem tem em uma das guitarras o colega de cena e amigo Daryl Stuemer, com décadas de serviços prestados ao Genesis como músico de apoio. A grande sensação, entretanto, fica para o fenomenal quarteto de vocais de apoio (duas cantores e dois cantores, todos simpaticíssimos e cheios de “bossa”) e para o fantástico quarteto de metais, que não raro assume o protagonismo à frente do palco. Surpresa: quem segura a pegada firme na bateria é Nic Collins, filho (de 16 anos!) do dono da festa.

Juntos, esse time vira uma usina sonora funkeada que elevava às alturas o groove das canções. Cantando maravilhosamente bem, Collins parece prescindir da movimentação de palco intensa de outrora para atingir corações e mentes. O resultado: quase duas horas de um show hipnótico. Estava tudo lá: “Take a Look at Me Now”, “Another Day in Paradise”, “Someting Happened on the Way to Heaven”, “In the Air Tonight”…

Uma das passagens mais inspiradas foi a execução em sequência de sucessos pop do Genesis, “Throwing it All the Way” e “Follow You Follow Me” (aqui, com o telão exibindo imagens de backstage de Collins e os ex-colegas de grupo), seguidas, um pouco adiante, de outra marca da banda, “Invisible Touche”. O final, com “Easy Lover”, “Sussudio” e, já no bis, “Take me Home”, foi apoteótico.

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